Hoje vamos falar de Cinema. Você assistiu a filme “Coringa: Delírio a dois”? Saiu do cinema com a dúvida sobre amar ou odiar o filme? Aqui vamos explorar aspectos diversos sobre o porquê desse sentimento que essa produção tem despertado nos expectadores.
O retorno do personagem Coringa às telas com “Coringa: Delírio a Dois” é um dos filmes mais aguardados de 2024. Seguindo o enorme sucesso do primeiro longa, a sequência dirigida por Todd Phillips promete continuar explorando a mente perturbada e complexa de Arthur Fleck. Com uma abordagem única e ousada, este filme, além de ser uma continuação direta, traz uma nova visão sobre o anti-herói mais icônico dos quadrinhos. Este artigo mergulha na proposta do filme, oferecendo uma análise crítica e equilibrada, ressaltando tanto os pontos positivos quanto os aspectos que têm dividido os fãs.
Sinopse (sem spoilers)!
Em “Coringa: Delírio a Dois”, somos levados de volta à caótica Gotham City, onde Arthur Fleck (interpretado por Joaquin Phoenix) continua sua trajetória após os eventos chocantes do primeiro filme. Dessa vez, o enredo se aprofunda em suas alucinações e em sua psique fragmentada, enquanto ele lida com as consequências de seus atos anteriores. Um dos elementos mais intrigantes dessa sequência é a introdução de Harleen Quinzel, (Lee) interpretada por Lady Gaga, que passa a ter um papel central na narrativa.
A trama não se limita a um thriller psicológico, mas também flerta com elementos musicais e surreais, algo incomum em filmes de super-heróis. A história avança explorando o relacionamento entre Arthur e Lee, mergulhando cada vez mais nas dinâmicas entre loucura, controle e perda de identidade. A dualidade emocional e psicológica do filme promete uma experiência visceral, mas ao mesmo tempo perturbadora para o público.

Imagem do filme, mostrando os personagens Lee e Coringa. Créditos da imagem: Warner Bros.
A Relação com o Primeiro Filme
O primeiro “Coringa” (2019), estrelado por Joaquin Phoenix, apresentou ao público uma versão mais sombria e realista do vilão, afastando-se da representação tradicional dos quadrinhos e apostando em um estudo de personagem profundo. Com uma forte crítica social, o filme abordou temas como desigualdade, saúde mental e a alienação do indivíduo em uma sociedade opressiva. Todd Phillips surpreendeu ao mostrar Arthur Fleck como uma figura trágica, cuja transformação no Coringa ocorre de maneira lenta e torturante.
Em “Coringa: Delírio a Dois”, a narrativa se aprofunda nessa mesma linha de construção, mas traz um novo nível de complexidade ao introduzir Harleen Quinzel. A escolha de Lady Gaga para o papel trouxe uma nova energia ao filme, especialmente pela inclusão de elementos musicais, que foram uma decisão ousada do diretor. A mistura de gêneros foi vista como uma tentativa de explorar a psique de Arthur e sua relação com o mundo ao seu redor de maneira ainda mais surrealista, algo que promete ser polarizador para o público.
Pontos Positivos que fazem você amar a produção
Complexidade do Personagem
Uma das maiores virtudes de “Coringa: Delírio a Dois” é continuar a construir um Coringa com camadas, humanizando-o sem tentativas de agradar ao público. Arthur Fleck é retratado como um homem profundamente marcado pela rejeição e pelo fracasso, cujas escolhas trágicas o levaram a se tornar o ícone do caos. A atuação de Joaquin Phoenix permanece visceral e cativante, garantindo uma imersão no sofrimento e na loucura do personagem.
Essa profundidade também se expande ao relacionamento com Lee, um personagem adicionado à trama, que não consegue amar Arthur como ele é (rejeitado, oprimido e decadente), mas sim ama sua fantasia sobrevivente que promove o caos violento.
A falta de química entre Phoenix e Gaga é notória, porém até essa escolha parece acertada: a personagem Lee não é atraído por Arthur, mas sim por Coringa. As cenas musicais de fantasia que Arthur imagina com a companheira trazem uma química maior, porém ainda diferenciada, o que traduz a mente caótica e que não se encaixa na sociedade comum.

Imagem do filme, mostrando os personagens Lee e Coringa. Créditos da imagem: Warner Bros.
Estética Visual e Direção de Phillips
Todd Phillips traz novamente sua assinatura visual sombria e opressiva, fazendo de Gotham uma personagem por si só. As ruas escuras, sujas e cheias de decadência são o palco perfeito para o desespero que permeia a narrativa. Além disso, os elementos musicais inseridos no filme — com performances marcantes de Lady Gaga — ajudam a transmitir a fragmentação da realidade de Arthur. A decisão de mesclar a linguagem do cinema musical com o thriller psicológico foi arriscada, mas para muitos críticos, trouxe uma nova camada de profundidade à história, onde a maior parte das cenas musicais são fantasias de Arthur e sua tentativa de fugir da realidade e lidar com a vida angustiante e cheia de rejeição.
Exploração Psicológica
O filme continua a se destacar pelo mergulho na mente de seu protagonista. Os dilemas psicológicos, a dificuldade de Arthur em distinguir realidade e fantasia, além de suas reflexões sobre sua própria existência, fazem do filme um estudo de personagem instigante. A abordagem intimista e o ritmo mais lento permitem que o público vivencie a espiral descendente de Arthur, o que torna o filme perturbador e envolvente ao mesmo tempo.
Pontos Negativos que fazem você odiar o filme
Distanciamento dos Fãs Clássicos do Coringa
Apesar dos elogios à ousadia de Phillips, muitos fãs do personagem Coringa, especialmente os que o conhecem dos quadrinhos, se sentem decepcionados com o tratamento dado ao vilão. A crítica mais recorrente é que essa versão do Coringa se afasta demais de suas raízes tradicionais. Enquanto o Coringa dos quadrinhos é um gênio do crime, caótico e imprevisível, a versão de Phoenix e Phillips volta-se para um drama psicológico. Para alguns, isso esvazia o personagem de sua essência icônica, transformando-o em uma figura trágica e deprimente, o que não agrada àqueles que esperavam um vilão mais ativo e estrategista.
A Inclusão dos Elementos Musicais
Outro aspecto que tem gerado divisões é a inclusão de sequências musicais. Embora a performance de Lady Gaga seja elogiada, a introdução de números musicais em um filme sobre o Coringa é vista por alguns como uma distração desnecessária da narrativa principal. Para aqueles que esperavam uma continuação direta do clima sombrio e realista do primeiro filme, a mudança de tom pode parecer desconexa e até mesmo desorientadora.
Ritmo Lento e Abordagem Contemplativa
Além disso, o ritmo mais contemplativo do filme, embora seja uma força para alguns, é uma fraqueza para outros. Com menos ação e mais diálogos introspectivos, o filme pode parecer arrastado em alguns momentos, especialmente para o público que esperava algo mais dinâmico e movimentado. A ênfase no relacionamento entre Arthur e Harleen também pode desagradar àqueles que esperavam um foco maior em conflitos externos e na ascensão do Coringa como uma ameaça criminosa.
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“Coringa: Delírio a Dois” é uma continuação ousada e desafiadora, que se afasta ainda mais das convenções tradicionais dos filmes de super-heróis. Ao optar por explorar a mente de Arthur Fleck e seu relacionamento com Harleen Quinzel, o filme promete continuar dividindo o público. Para aqueles que apreciam um estudo de personagem profundo e uma estética visual rica, este filme oferece uma experiência única. Contudo, para os fãs mais puristas do Coringa, o filme pode parecer uma desconstrução excessiva de um dos vilões mais icônicos dos quadrinhos.
No fim, “Coringa: Delírio a Dois” não busca agradar a todos! Mas sim desafiar expectativas e continuar uma conversa sobre a fragilidade da mente humana em um mundo que parece cada vez mais insano.
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