Black Mirror é uma série, da Netflix, criada por Charlie Brooker, que expõe os extremos da tecnologia, da moralidade e da condição humana. Cada episódio é um universo próprio que mistura crítica social, ficção científica e dilemas éticos com um toque de provocação.
Com sete temporadas recheadas de histórias instigantes, escolhi cinco episódios que se destacam por sua força narrativa, impacto emocional e originalidade, e é claro, por serem meus favoritos. Todas abordam um futuro possível, porém angustiante! Vamos aos melhores então?
1. Eulogy (episódio 7×05)
No episódio “Eulogy”, da sétima temporada de Black Mirror, acompanhamos a história de Phillip, vivido por Paul Giamatti, um homem solitário que é contatado por uma empresa chamada Eulogy após a morte de sua ex-namorada do passado, Carol. A proposta da empresa é criar uma homenagem digital a partir das memórias dela, e para isso eles pedem a colaboração de Phillip, que possui fotografias e lembranças importantes do passado dos dois. O que começa como uma simples contribuição para um tributo póstumo, se transforma em uma imersão profunda no passado, através de uma tecnologia que permite reviver memórias ao entrar em fotografias tridimensionais. Nessa jornada nostálgica, Phillip é guiado por uma assistente virtual chamada “The Guide”, interpretada por Patsy Ferran, que mais tarde revela ser, na verdade, uma versão digital de Kelly, filha de Carol — fruto de um relacionamento que Phillip jamais soube que existia.
“Eulogy” se diferencia de muitos episódios de Black Mirror por adotar um tom mais sensível e contemplativo, sem abrir mão do caráter inquietante que marca a série. A atuação sutil e carregada de emoção de Giamatti dá credibilidade ao personagem, tornando sua jornada profundamente humana. O episódio se destaca por abordar a tecnologia não como ameaça direta, mas como um espelho das nossas escolhas, uma ponte entre erros do passado e possibilidades de cura. Nos faz pensar não apenas no que deixamos para trás, mas no que ainda podemos reconstruir, mesmo depois do fim.
Cartaz de divulgação do Episódio 5 da Temporada 7, da série Black Mirror. O episódio se chama “Eulogy”.
Imagem do Episódio 5 da Temporada 7, da série Black Mirror. Créditos: Netflix Brasil.
2. Volto Já (episódio 2×01 – Be Right Back)
Depois da morte trágica do namorado, Martha mergulha no luto. Inconsolável, ela aceita usar um serviço de inteligência artificial que recria a personalidade de Ash com base nos dados que ele deixou na internet — postagens, áudios, vídeos, mensagens.
A princípio, o conforto é real. Ela conversa com o Ash virtual, ouve sua voz, sente sua presença. Mas, à medida que a tecnologia avança e chega até a criação de um corpo físico, Martha percebe que aquele “Ash” não tem alma. A dor da ausência dá lugar ao incômodo da presença falsa. O episódio discute a imortalidade digital, o vício em nostalgia e os limites da tecnologia como substituto do afeto real.
Cartaz de divulgação do Episódio 1 da Temporada 2, da série Black Mirror. O episódio se chama “Volto já” (Be Right Back).
Imagem do Episódio 1 da Temporada 2, da série Black Mirror. Créditos: Netflix Brasil.
3. Queda Livre (episódio 3×01 – Nosedive)
Em um mundo onde todos dão e recebem notas de zero a cinco para cada interação social, a vida de Lacie gira em torno de manter uma boa pontuação. Quanto maior a nota, mais privilégios ela conquista: melhores casas, serviços de luxo, prestígio. Quando um contratempo a faz despencar na avaliação, sua rotina se transforma em uma espiral de frustração e rejeição.
Lacie tenta de tudo para recuperar seu status, mas descobre que a obsessão por aprovação pública pode ser uma prisão. “Queda Livre” é um espelho cruel da cultura dos likes, dos filtros e da falsa felicidade das redes sociais. Com estética colorida e atuação marcante de Bryce Dallas Howard, o episódio é tão bonito quanto aterrorizante.
Cartaz de divulgação do Episódio 1 da Temporada 3, da série Black Mirror. O episódio se chama “Queda Livre” (Nosedive).
Imagem do Episódio 1 da Temporada 3, da série Black Mirror. Créditos: Netflix Brasil.
4. A Joan é Péssima (episódio 6×01 – Joan Is Awful)
Joan leva uma vida comum e tem seus altos e baixos como qualquer pessoa. Mas tudo muda quando ela liga a TV e descobre que sua rotina está sendo exibida como uma série de streaming em tempo real, com Salma Hayek interpretando sua personagem. Cada detalhe, inclusive seus segredos mais íntimos, está lá — como se a plataforma tivesse acesso total à sua mente.
O episódio brinca com contratos de termos de uso, inteligência artificial generativa e a falta de controle que temos sobre nossa imagem digital. Além da crítica à indústria do entretenimento e da vigilância constante, há um tom de humor ácido que torna a experiência ainda mais desconcertante. Joan não é péssima — o sistema que é!
Cartaz de divulgação do Episódio 1 da Temporada 6, da série Black Mirror. O episódio se chama “Joan é péssima” (Joan Is Awful).
Imagem do Episódio 1 da Temporada 6, da série Black Mirror. Créditos: Netflix Brasil.
5. Pessoas Comuns (episódio 7×01 – Common People)
Mike e Amanda formam um casal da classe trabalhadora que sonha com uma vida tranquila. Tudo muda quando Amanda sofre um acidente grave e entra em coma. Desesperado, Mike contrata o serviço de uma empresa de tecnologia chamada Rivermind, que oferece uma forma experimental de preservar a consciência da esposa em um sistema digital, permitindo que ela continue “viva” sob condições específicas.
Enquanto Amanda vive com um cérebro híbrido (parte humano e parte tecnológico), o casal interage com uma igual Amanda, que comanda a empresa, oferecendo upgrades cada vez mais caros e revolucionários. Mike precisa seguir um rígido plano de assinatura e obedecer a regras de proximidade, localização e conexão. Se Amanda se afastar demais da zona de cobertura, ela morre
A história revela o lado obscuro da monetização da vida, das assinaturas digitais e da dependência da tecnologia para lidar com o luto. É um episódio tocante, sombrio e incrivelmente atual — que questiona até que ponto estamos dispostos a pagar por um amor que já partiu.
Cartaz de divulgação do Episódio 1 da Temporada 6, da série Black Mirror. O episódio se chama “Pessoas comuns” (Common People).
Imagem do Episódio 1 da Temporada 7, da série Black Mirror. Créditos: Netflix Brasil.
Porque a série tem o título Black Mirror e o que significa?
A série Black Mirror recebeu esse nome como uma referência direta às telas negras de dispositivos eletrônicos, como smartphones, tablets, televisores e monitores de computador, que refletem nosso rosto como um espelho escuro quando estão desligados. O criador da série da Netflix, Charlie Brooker, quis simbolizar como a tecnologia moderna se tornou um espelho sombrio da sociedade contemporânea, revelando não apenas nossos hábitos, mas também nossos medos, vícios e contradições.
Além disso, o “espelho preto” também pode ser interpretado como uma metáfora para um futuro em aberto e incerto, repleto de possibilidades — muitas delas complicadas e inquietantes — em que o avanço tecnológico caminha lado a lado com dilemas éticos profundos. Assim, o título resume perfeitamente a proposta da série: uma reflexão crítica e perturbadora sobre os impactos da tecnologia no comportamento humano e nas relações sociais. Um futuro inquietante, não?
Concorda com a minha seleção dos 5 melhores episódios de Black Mirror?
Se você reparou bem, a maioria dos meus episódios preferidos são, coincidentemente, os primeiros das temporadas. Eles são episódios que fazem a gente filosofar e pensar sobre como algumas decisões da sociedade podem influenciar a vida das pessoas. Episódios bem filmados (disponíveis na Netflix), com bons roteiros e bons atores. Os 5 melhores episódios da série Black Mirror vão te proporcionar boas discussões!
Considero essa coletânea o melhor de Black Mirror: tramas intensas, roteiros originais e críticas afiadas à sociedade moderna. Ao explorar os limites entre o real e o virtual, o ético e o aceitável, a série nos convida a olhar para o espelho escuro que é o nosso próprio futuro — e decidir o que queremos ver refletido ali.
Se você ainda não viu algum desses episódios, prepare-se para questionar tudo: suas escolhas, seus hábitos e até sua humanidade. Bons episódios para você! 🪞😉
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Gisella é Bióloga, formada pela Universidade de São Paulo (USP) e Tecnóloga Oftálmica, formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Ama artes, música e diversão! Escrever tem sido sua paz atual, onde encontra tranquilidade para a mente! Gosta de compartilhar conexões com assuntos que domina e que está aprendendo a dominar! ❤️